Absolutismo na França


No início do século XVII, a Europa ainda estava convulsionada pelas lutas religiosas. A Espanha, esgotada pelas guerras empreendidas por Filipe II, entrou em decadência no cenário europeu.

A Inglaterra foi governada pelos impopulares Stuart, que provocaram uma guerra civil. A França enfrentou situações difíceis após as guerras de religião, mas contou com situações particulares que fizeram desse país a primeira potência entre as nações européias do século XVII.

A supremacia francesa 

No final do século XVI, a situação da França era deplorável. As guerras de religião e as revoltas de camponeses esfomeados assolavam o país. A situação mudou com Henrique IV: a promulgação do Edito de Nantes pacificou o reino. A economia do reino recuperou-se devido às políticas de Henrique IV e de seu
primeiro-ministro, o duque de Sully duque de Sully:
  • Construção de estradas, canais e pontes;
  • Incentivos à instalação de fábricas e manufaturas, sobretudo de tapeçarias e seda;
  • Criação de incentivos para os camponeses, com diminuição dos impostos.

Em 1610, Henrique IV foi assassinado. Maria de Médicis, a rainha-mãe, assumiu como regente. Em meio a uma grave crise financeira, ela convocou os Estados-Gerais, em 1614, nos quais se destacou um representante do clero, o bispo Richelieu. Essa foi a última convocação dos Estados-Gerais antes da eclosão da Revolução Francesa, em 1789.

Em 1617, Luís XIII assumiu o trono da França em meio à desordem generalizada. O cardeal Richelieu conquistou a confiança de Maria de Médicis, que o indicou como ministro em 1624. Em pouco tempo, o cardeal se transformou na mais importante figura do governo francês. Sua política restabeleceu o poder absoluto do rei, enfrentando os nobres e os protestantes, e transformou a França na primeira potência da Europa, combatendo os Habsburgos que governavam a Espanha, os Países Baixos e a Áustria.

Fiel a esses princípios até sua morte, em 1642, Richelieu estabeleceu o absolutismo na França. Para isso:

  • Expulsou a rainha-mãe da França, junto com outros parentes do rei. A desobediência às leis tornou-se crime de Estado crime de Estado;
  • Criou um corpo de intendentes intendentes, os inspetores reais, para vigiar a nobreza;
  • Os protestantes protestantes perderam as praças-fortes, os privilégios políticos e a liberdade de culto;
  • Fundou a Academia Francesa Academia Francesa, estabeleceu a Imprensa Real Imprensa Real e criou o Jardim Botânico.
  • Reorganizou o exército exército e construiu duas frotas, a do Mediterrâneo e a do oceano Atlântico;
  • Selou alianças com todos os rivais da França para derrotar os Habsburgos.

A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)

Um século depois da rebelião luterana, o Sacro Império foi o campo de batalha das lutas entre católicos e protestantes. Outros países europeus intervieram nessas lutas. Em 1618, começou a rebelião dos protestantes da Boêmia contra o imperador.

A França, Dinamarca e Suécia interviram na luta contra o Império: após a derrota, o imperador pediu a paz.

A Paz de Westfália: paz religiosa e equilíbrio europeu

Os tratados assinados em 1648 acabaram com o poder dos Habsburgos. A Alemanha foi dividida em mais de trezentos Estados independentes. O imperador continuava sendo eleito, mas não tinha autoridade sobre eles. Os súditos eram obrigados a adotar a religião de seus príncipes. As secularizações realizadas até 1624 foram consideradas legítimas.

A Espanha reconheceu a independência dos Países Baixos do norte. A França obteve o domínio da Alsácia e Lorena, e a Suécia consolidou seu domínio no Báltico.

Mas o equilíbrio europeu pregado por Richelieu, princípio pelo qual nenhuma nação européia podia se expandir colocando em risco as demais, foi rompido pela própria França.

A França de Mazarino

A França saiu vitoriosa da guerra, porém arruinada. Após a morte de Luís XIII, a regente, Ana da Áustria, confiou o governo a um ex-colaborador de Richelieu, o cardeal Mazarino Mazarino. Para solucionar a situação financeira, Mazarino aumentou os impostos sobre as fortunas e os nobres.

Essas medidas provocaram forte reação. Os nobres se negaram a pagar os impostos decretados, e o povo de Paris sitiou o Palácio Real do Louvre. Esse movimento foi conhecido como as Frondas Frondas de Paris. A família real fugiu e os protestos continuaram durante quatro anos.

Em 1661, Luís XIV assumiu o trono francês e iniciou a reconstrução do reino.

A França de Luís XIV

Durante o reinado de Luís XIV, o rei-sol rei-sol, o absolutismo francês teve seu apogeu. Luís XIV estabeleceu a monarquia do direito divino direito divino, segundo a qual o rei era sagrado. Além disso, exerceu a autoridade absoluta: sua vontade se transformou em lei e justiça. Ele declarava a guerra e propunha a paz, administrava os bens do Estado como se fossem próprios. O rei também tinha deveres para com a religião e o povo: devia velar pelo bem-estar da população.

Luís XIV governou com o auxílio dos Conselhos: aumentou o poder dos inspetores reais, que, com o passar do tempo, se tornaram governadores das províncias.

O mercantilismo

Colbert, ministro da Fazenda, foi o principal colaborador de Luís XIV. Instituiu o orçamento anual e aplicou as teorias mercantilistas, segundo as quais a riqueza de uma nação se obtém vendendo muito para as outras nações e comprando pouco. Dessa forma, a nação teria sempre uma balança comercial favorável.

Colbert estimulou a instalação de tecelagens, fábricas de cristais, cerâmicas e outras manufaturas para evitar que a França tivesse de comprar esses produtos de outras nações.

Ao mesmo tempo, os produtos estrangeiros tinham de pagar impostos pesados para serem vendidos na França.

Para sustentar essa política exportadora, era necessário contar com uma poderosa marinha mercantil e de guerra. Assim, a França aumentou sua frota e iniciou a expansão colonial, visando obter mercados e matérias-primas para os produtos manufaturados franceses.

  • Na África, a França ocupou a ilha de Madagascar e o Senegal.
  • Na Ásia, ocupou pontos estratégicos na Índia.
  • Na América, iniciou o ocupação do Canadá e da Luisiana.

Ao mesmo tempo, o governo de Luís XIV realizou a ordenação das leis francesas:
  • Criou o código civil e penal código civil e penal que serviu de base para o Código Napoleônico, promulgado no início do século XIX;
  • Em 1685 1685, ordenou o fechamento dos templos protestantes na França e expulsou os huguenotes do país. Mais de 500 mil huguenotes fugiram para a Inglaterra, os Países Baixos e a Prússia;
  • Transferiu a corte para o Palácio de Versalhes, em 1682.

A política européia de Luís XIV:

A política internacional de Luís XIV teve dois objetivos básicos: consolidar a hegemonia francesa na Europa dar a hegemonia francesa na Europa e estender seus domínios até a fronteira cambistas, símbolo das operações mercantis.

Para isso, o rei manteve uma eficiente atividade diplomática e um poderoso exército, com o qual empreendeu várias guerras durante seu reinado:

Guerra da Devolução (1667-1668): após a morte de Filipe IV, da Espanha, Luís XIV reclamou direitos sobre territórios nos Países Baixos. Derrotou o exército espanhol, mas teve de enfrentar uma coalizão formada pela Inglaterra, Holanda, Áustria e Suécia. Em 1668, assinou a Paz de Aquisgran Paz de Aquisgran, por meio da qual a França obteve algumas regiões nos Países Baixos.

Guerra da Holanda (1672-1678): a Holanda, centro da economia mundial européia, rivalizava com a França. Luís XIV invadiu-a sem fazer uma declaração de guerra. Para se defender, os holandeses quebraram os diques e inundaram toda a região. Uma coalizão se formou para defender a Holanda. No final do conflito, a França ocupou o Franco Condado, território que disputou com a Espanha durante um século.

Guerra da Liga de Augsburgo (1688-1697): as pretensões de Luís XIV sobre o rico território do Palatinado Palatinado, na Alemanha, provocou a formação da Liga de Augsburgo, composta por Espanha, Inglaterra, Suécia, Holanda e alguns principados alemães. Na Paz de Ryswick, em 1697, a França devolveu os territórios conquistados desde 1680 e reconheceu Guilherme de Orange como rei da Inglaterra.

Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1713): ao morrer o último rei Habsburgo da Espanha, Carlos II, o trono ficou vago. Luís XIV desejava que a coroa fosse dada a seu neto, Filipe de Anjou Filipe de Anjou. Após tratativas diplomáticas, Filipe assumiu o trono espanhol, provocando a reação da Áustria, que tinha seu próprio pretendente ao trono. Uma coalizão liderada pela Inglaterra e pela Holanda derrotou as forças de Luís XIV. Na Paz de Utrecht, em 1713, a Inglaterra foi a principal vencedora do conflito, obtendo vantagens comerciais e territoriais sobre a Espanha. A partir de então, a Inglaterra assumiu a condição de centro da economia mundial européia.

A Europa de Luís XIV

A França conseguiu manter a hegemonia política na Europa durante o século XVII: tornou-se o Estado-chave Estado-chave do continente. A política das nações girou em torno da Guerra dos Trinta Anos e das campanhas imperialistas de Luís XIV.

O Sacro Império

Conforme já vimos anteriormente, o Sacro Império ficou praticamente destruído após a Guerra dos Trinta Anos. Luís XIV apoderou-se de várias cidades na fronteira com a França.

Ao mesmo tempo, a Prússia Prússia se fortaleceu. No século seguinte, tornou-se a principal rival da Áustria Áustria.

A Áustria

Os Habsburgos conservaram o título honorário de imperador, mas governaram apenas suas posses pessoais na Áustria e na Europa central. Bem administrada, a Áustria tornou-se uma potência. O imperador Leopoldo I enfrentou a ameaça turca e as ambições de Luís XIV.

A Inglaterra dos Stuart

O século XVII foi conturbado por causa da presença de reis impopulares no trono da Inglaterra. Os Stuart foram os principais responsáveis pela eclosão da guerra civil que modificou profundamente a face política da Inglaterra.

Jaime I assumiu o trono da Inglaterra em 1603. Procurou aprofundar o absolutismo, mas enfrentou a oposição da nobreza. Perseguiu os católicos e os puritanos. Estes últimos fugiram para a América do Norte, onde fundaram colônias de povoamento.

Carlos I, filho de Jaime, tentou fazer valer seu direito divino. Entrou em choque com o Parlamento , que apresentou uma Petição de Direitos, exigindo que o rei respeitasse as tradições e liberdades do povo inglês.

Carlos I dissolveu o Parlamento e decretou impostos abusivos. Em 1640, sem recursos, convocou-o novamente. Ao tentar prender alguns de seus membros, eclodiu a guerra civil entre absolutistas absolutistas (cavaleiros) e parlamentaristas, sob o comando de Oliver Cromwell. Derrotado em 1645 1645, o rei foi condenado. Morreu decapitado em 1649 1649.

A República de Cromwell

Cromwell assumiu o governo da Inglaterra. Governou junto com a Câmara dos Comuns, mas estabeleceu uma ditadura militar. Submeteu a Escócia e a Irlanda violentamente. As principais medidas de seu governo visaram ao fortalecimento comercial da Inglaterra:
  • Em 1651, promulgou os Atos de Navegação Atos de Navegação, que deram impulso decisivo à marinha mercante inglesa;
  • Em 1655, empreendeu a primeira guerra naval contra a Holanda, até então a senhora dos mares;
  • Em 1655, tomou da Espanha a ilha da Jamaica Jamaica, no Caribe.

Cromwell foi sucedido em 1659 pelo filho, Ricardo, que não conseguiu se manter no poder. Deu-se então a restauração da monarquia. Carlos II assumiu o trono, em 1660, prometendo respeitar o Parlamento. Católico e absolutista, em pouco tempo tornou-se impopular.

  • Em 1679, o Parlamento aprovou a Lei do Habeas-Corpus, garantindo a liberdade pessoal. Essa lei foi incorporada a muitas constituições em todo o mundo.
  • Em 1685, Jaime II assumiu o trono. Ao tentar promulgar a liberdade de culto para os católicos, foi destronado. O trono foi oferecido a Guilherme de Orange, príncipe holandês.

A Revolução Gloriosa

Em 1688, após uma revolução pacífica, Jaime II se refugiou na corte de Luís XIV e a Inglaterra adotou o regime político que mantém até hoje.

Ao assumir o trono da Inglaterra, Guilherme de Orange aprovou uma Declaração de Direitos elaborada pelo Parlamento, instituindo a monarquia parlamentarista.

Fonte: Miniweb

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