Porque quanto mais pobre seja uma família mais filhos ela têm

Família Catigada pela seca no nordeste. Fonte: dilmavezportodas.blogspot.com
A procriação permanece como uma condição natural de nossa espécie. Ainda bem. Portanto... Para se ter acesso a métodos contraceptivos é necessário ter acesso a recursos, inclusive informação. A situação de miséria entre a nossa espécie não é uma condição natural. 

Entre os animais, em épocas de escassez de alimentos, a fecundidade diminui apesar de a fertilidade continuar a mesma. Não havendo recursos para os filhotes, os pais é que permanecem vivos, para esperar outro ciclo reprodutivo. Parece cruel, mas é uma condição natural de sobrevivência dos genes. 

Entre os humanos, através do trabalho, fomos subvertendo as condições naturais de sobrevivência. Inclusive, durante um longo período de domínio da agricultura, mais descendentes significavam mais braços. O poder da Igreja Católica foi construído sob as bases da servidão na Idade Média, dominando o principal meio de produção que era a terra, incentivando a procriação como forma de ampliar a produção e os ganhos econômicos. Permaneceu em nossa cultura religiosa que a procriação é um desígnio de Deus. 

Temos que olhar a questão do ponto de vista social: agora, ainda mais sob o capitalismo, cada trabalhador tem que reproduzir a si mesmo, se relacionando com meios de produção em poder de outra classe. Só desta forma é possível se "reproduzir". Do contrário, se vive à margem, com as sobras e as consequências que isso tem. 

Existem as políticas compensatórias de Estado, mantendo programas de assistência a essa população que não consegue reproduzir sua força de trabalho, tendo se mostrado, em verdade, uma grande oportunidade para as forças políticas capitalistas manterem o status quo, apesar de que alguns se travestiram inicialmente de revolucionários. Nem mais reformadores conseguem ser. 

Texto retirado do livro: Capitalismo Contemporâneo de Carlos Burke

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